sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010 | By: Vivian Mont'Alverne

In[certezas]

Se existe uma coisa difícil de se ter nessa vida, essa coisa é a certeza. Pense comigo... quando a gente nasce, na verdade a gente não tem muita certeza se quer realmente sair da confortável e aconchegante barriga de nossas mães. Mas aí vem uma série de contrações esquisitas e umas mãos com luvas de borracha que nos tiram de lá, sem que a gente esteja certo de que aquela era a nossa melhor opção.
O choque inicial é grande, mas tudo bem. A gente nasce e depois é colocado em um colégio sem ter certeza se estudar ali é ou não um bom negócio, mas fomos matriculados lá. Aí um dia a gente se forma e tem que escolher, por volta dos dezoito aninhos, uma profissão que teoricamente será aquela que desempenharemos até o fim de nossas vidas. Não há como, nessa idade, ter muita certeza do que realmente queremos para nossas vidas. Mas somos valentes, não somos do tipo de gente que foge da raia e, sendo assim, escolhemos a tal profissão.
Em meio a isso tudo, a gente conhece uma pessoa espetacular que passa a fazer parte de nossas vidas de um jeito que a gente ainda não conhecia. Só que no planeta existem outros seis bilhões de pessoas, de maneira que é matematicamente impossível ter certeza se aquela pessoa com a qual estamos vivendo é a nossa melhor alternativa. Mesmo assim, sem ter certeza, concluímos que sua companhia é boa, nos faz mais bem que mal e resolvemos ficar com ela.
Mas como assim ficar? Existe uma série de possibilidades de convivência, mas a que sempre aparece com a força de uma tsunami é a do casamento. Sim, sim, já decidimos quem nos fará companhia, mas o próximo passo é decidir como. Casar é o melhor negócio? É, mais uma vez, impraticável ter certeza. Não nos foi dado o talento para prever o futuro e a nossa melhor opção acaba sendo pagar pra ver. Vale a pena.
Depois de muito tempo vivendo juntos, os filhos já bem criados, crescidos e independentes, a gente começa pela primeira vez na vida a ter uma noção de certeza. A gente olha pra trás e começa a achar que fez boas escolhas ao longo dos anos, que escolheu a companhia ideal, uma pessoa que sempre esteve do nosso lado quando a gente mais precisou. Só que aí um dia essa pessoa morre e a gente fica sozinho, sem ter certeza se ela morreu mesmo ou se apenas foi pra um outro lugar onde um dia a gente vai se ver de novo.