quarta-feira, 29 de dezembro de 2010 | By: Vivian Mont'Alverne

Dona Morte

Caminhava pela calçada com pés desprevenidos, olhando-os competirem pela linha de chegada... Onde ficava? Não tinha idéia, mas existia. Era como um diálogo... Ou, quiçá, um monólogo. Será coisa dos meus miolos ou será verdade?
Não sei onde está a morte, mas sei que ela está. Não, não que eu queira procurar... É só questão de curiosidade. Sempre fui tão bisbilhoteiro... Mania de brasileiro? Creio que não. Mania que supera trópicos e meridianos... Não! Não estou hiperbolizando... É que preciso desabafar, antes do tempo fazer as malas e atravessar aquela porta.
Tenho vivido em uma luta constante com o lado escuro da luz... Esse negócio todo me parece um tanto negro e gelado, faz-me arrepiar e suar. É uma mistura de sensações.
Não quero ser taxado de medroso, mas necessito de ajuda! Paro para tomar a minha dose de whisky, e a dúvida se terminarei de bebê-la cresce como se recebesse uma tonelada de fermento. Acendo o meu cigarro e... Será que terei tempo para limpar cinzas? Ouço a minha música preferida e... Será que vou conseguir cantar o refrão? Que perseguição! Não sei quem trouxe esse eu tão caótico para dentro de mim... Mas, quando descobrir, vou atacá-lo com meus punhos... Será que eles ainda terão força?
Nada de mesa de bar! Vou para a minha casinha... Solitária mas aconchegante. E... Se Ela tocar a campainha? Não! Já chega desses pensamentos!
Sento-me na poltrona, ligo a televisão. A campainha toca... Será o vizinho charlatão? Vou atender.
A moça estava vestida de branco, era linda e cheirosa como uma rosa... Animei-me.
- Boa noite! Você é o Seu João?
- Se é Meu ou Seu eu não sei, mas meu nome é João, sim.
- Engraçadinho!
- Desculpe, piadas da idade!
- Tenho uma entrega para você...
- De quem?
- Aqui tem escrito "Dona Morte".
Meu coração palpitou... Taquicardia.
- Não se preocupe, Meu João... Levar-te-ei para passear.

10 bilhetes:

Simone Caminada disse...

Ah, que lindo.
Amei seu texto e o blog em geral.
Adoro textos desse gênero.

Adorei MESMO o seu blog. Passa no meu ?
http://retratodopassado.blogspot.com
Beijos;

Gabriela Freitas disse...

Adorei seu blog, otimo texto.

D! Alencar disse...

Amo esse tipo de texto! Ótimo texto, mais uma vez! Parabéns pelo talento...
Di Alencar

Anônimo disse...

Vívian,


Senti sua falta , ... Que bom te ver antes que o ano se vá.

Feliz Ano Novo !!!
Muita Paz , Amor , Saúde e Poesia ... :)


BjO Grande .

Victor Von Serran disse...

Olá Vivian

me deu um selo e sumiu do meu blog né...vc é levada !

adorei o texto do seu joão...mas dispensava esse passeio ai !

vai lá no cronicas....sua opinião é sempre bem vinda !

Victor Von Serran disse...

http://universovonserran.blogspot.com
blog premiado e indicado pelo jornal Destak
Especial de ano novo - Ao caminhar na tempestade
Sigo e comento quem seguir e comentar !

Iule Karalkovas . disse...

Vivian! Cá estou eu *-*
Gostei do texto, ele é ótimo, embora eu até tenha medo de falar da morte! rs

Feliz ano novo querida!

Milton G. Machado disse...

Adorei! Pois é, como a Iule, tenho um certo medo desse assunto. Na verdade, não tenho medo da morte, e sim de morrer.
Parece estranho, mas é verdade: tenho medo de que ela apareça e eu não esteja pronto!
Tomara que demore, heheh...
Bjs.

Milton G. Machado disse...

Obs.: http://spectromgm.wordpress.com/2011/01/07/selos-e-segredos/

Eliaquim Nascimento disse...

"A moça estava vestida de branco, era linda e cheirosa como uma rosa... Animei-me."
Gostei dessa parte! Se bem entendi: O cara se passa o tempo questionando o que pode fazer e o que vai fazer temendo a morte. Mas quando ve a moça, linda, se anima. Como as pessoas tem uma visão superficial e de como é a vida. Os olhos, a visão acredito que chega a ser um fator que mais nos cega no cotidiano. Gostei do texto, parabéns! ^^

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